O número de alunos na graduação, que teve o menor ritmo de crescimento desde 1999, demonstra a desaceleração do ensino superior do país
O número de matrículas no ensino superior brasileiro continua a crescer, mas em ritmo menor do que em anos anteriores. Pelos dados do Censo da Educação Superior de 2007, mais de 4,8 milhões de pessoas fazem um bacharelado presencial atualmente, 4,3% a mais do que em 2006, quando o número de alunos no sistema era de 4,6 milhões. Esse é o menor ritmo de crescimento desde 1999, quando o índice atingia a casa dos 10%. A estabilização no crescimento de matrículas já era esperada pelo segmento, que previa a saturação do mercado e as conseqüências da falta de alternativas para o financiamento estudantil.
"Embora ainda tenha muito espaço para crescer, as matrículas envolvem questões como mercado de trabalho e motivação, ou seja, outros aspectos que não estão só no âmbito da educação", avalia a diretora de estatísticas educacionais do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Maria Inês Pestana.
O Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), que há três anos faz projeções dos números do segmento, já esperava a desacelaração do ritmo de crescimento e havia projetado 4,9 milhões de alunos matriculados, sendo 3,6 milhões na rede privada, valores muito próximos aos revelados pelo Censo.O crescimento de alunos matriculados mais uma vez se deu no âmbito das instituições particulares, que respondem por 74,5% das matrículas no ensino superior, com 3,6 milhões de alunos, aumento de 4,9% em relação a 2006, quando o sistema tinha 3,4 milhões de alunos.
Nas instituições públicas, o crescimento foi de 2,6%, e ainda se mantém no patamar de 1,2 milhão de alunos, próximo ao registrado em 2006. No período de 1997 a 2007, as instituições particulares cresceram 207% e as públicas 63%. Para se ter uma ideia da desaceleração do crescimento das matrículas, a média de crescimento por ano, de 2000 a 2003, entre as particulares foi de 16%. Agora, de 2004 a 2007, a média é de 7%, incluindo as matrículas do Programa Universidade para Todos (ProUni).
Aregião que mais agregou novos alunos pelo último levantamento do Censo da Educação Superior foi a Norte, com crescimento de 8,3%, passando de 280 mil matrículas em 2006 para 303 mil em 2007. Esse aumento possibilitou que a região Norte passasse a responder por 6,2% das matrículas do país, quando no ano anterior era responsável por 5,9% do alunado. Essa é uma das regiões onde os grandes grupos educacionais têm apostado atualmente, de olho na demanda ainda reprimida, como o Grupo DeVry, que neste ano comprou a Faculdade Nordeste (Fanor).Por outro lado, os mercados que já mostravam indícios de saturação demonstraram em números as análises recentes dos consultores educacionais. A região que menos cresceu foi a Sudeste, com apenas 1,1% de aumento, passando de 2,3 milhões em 2006 para 2,4 milhões de matrículas em 2007. De qualquer forma, o Sudeste continua a responder por quase metade dos alunos no ensino superior brasileiro: 49,8%. Na relação de participação no cenário nacional, quem perdeu maior espaço foi a região Sul, que respondia por 18,2% das matrículas em 2006 e agora representa 17,7%.
Em São Paulo, o crescimento das matrículas ficou acima da média nacional,. Apesar disso, o Estado também emite sinais de estabilização do crescimento, mas especialistas apontam que o interior ainda tem capacidade de expansão. Prova disso são as recentes aquisições por grupos educacionais em cidades como Rio Claro e Itapecerica da Serra.
De acordo com o último levantamento do Censo da Educação Superior de 2007, o Estado de São Paulo congrega 1,3 milhão de alunos, sendo que 1,1 milhão estão nas instituições de ensino superior particulares. As matrículas cresceram 6,1% no comparativo com o ano anterior, já que em 2006 São Paulo congregava 1,2 milhão de matriculados na graduação. Para se ter uma ideia da diferença do ritmo de crescimento, enquanto o número de matrículas no Brasil cresceu 101% de 2000 a 2007, no Estado de São Paulo o crescimento foi de apenas 67%. A taxa de alunos ingressantes com até 24 anos nas instituições particulares de São Paulo é de 67,5%, abaixo da média nacional, de 74%. Isso quer dizer que o Estado ainda atende a uma camada de alunos que retornou aos estudos após alguns anos fora do sistema de ensino.
Somando as matrículas da educação tecnológica e do ensino a distância, o Brasil tem atualmente 5,2 milhões de alunos no ensino superior. Os cursos superiores de tecnologia respondem por 6,6% do total de matrículas, com 347 mil alunos. Já a educação a distância representa 7% do sistema de ensino superior todo, com 369 mil matriculados.
sábado, 20 de junho de 2009
quinta-feira, 18 de junho de 2009
A INFLUENCIA DA MÍDIA SOBRE OS PADRÕES DE BELEZA
Os padrões de beleza é um assunto polêmico e gerador de controvérsias, o que se vê nos dias atuais são mulheres insatisfeitas com sua imagem e atrativos físicos. O que ocorre é que estes padrões mexem com o psicológico das mulheres, pois fica claro o conflito, não sabem como se valorizar pelos pensamentos e atitudes, pois existe uma influência acirrada que impõe padrões magérrimos fazendo-as acreditar, cada vez mais, que só serão bem aceitas pela sociedade se aproximando dos mesmos. Esses padrões são definidos pelas propagandas na TV e em revistas. Isto é resultante de uma mídia capitalista que bombardeiam tantas informações de forma que a mulher chega até mesmo a esquecer sua individualidade e a natureza da beleza. Os resultados desta forte influência são notórios, como a obsessão pela magreza, as dietas, a malhação, a cirurgia plástica, a moda, os produtos de beleza, todos vendidos pela mídia. O que fica claro é o mito existente dentro destes padrões “vendidos”, uma vez que estas mulheres são magérrimas, vivem em prol da beleza, ganham milhões para terem corpos esbeltos; o que difere bastante da realidade da mulher moderna que precisa sair para o mercado de trabalho, se desdobrarem entre suas várias funções e ainda lidar com a cobrança interna e externa exigidas por esses padrões. Para fugir desses padrões, que às vezes agridem tanto o aspecto físico quanto o emocional, talvez seja necessário que as pessoas ressignifiquem seus conceitos de beleza, priorizando seus pontos fortes afim de descobrir sua beleza natural.
Patrícia Lopes
Patrícia Lopes
EXPOVEL, by PROF. NAZARENO
Expovel: cultura local ou circo dos horrores?
Professor Nazareno*
Acabou a Expovel em Porto Velho, graças a Deus. Foram longos dez dias de barulho, empulhação, poeira, mentiras e circo. Muito circo mesmo para os porto-velhenses, que de uma hora para outra, se viram transformados em moradores da “Capital do Rodeio”. A presepada começou mesmo no dia 06 de junho com um desfile patético pelas principais ruas daqui: mas foi muito bom, pois mostrou a verdadeira cara da nossa cidade com toneladas de sujeiras e lixo no meio das avenidas. E próximo à rodoviária este ano não plantaram aquela estátua ridícula de um boi insinuando que a capital de Rondônia era uma cidade country, como aquelas dos Estados Unidos. Que pena, pois o animal “bem-dotado” com um peão montado completaria o espetáculo circense. Muitos jovens da cidade, embriagados e vestidos à moda country dos americanos, com botas longas, chapéu grande (talvez imitando o ídolo Cassol) e vestimentas de couro, apesar dos quase 40 graus à sombra, completavam a deprimente exibição teatral. Impossível não ter pena ao ver tanta breguice. Um toque medieval em pleno século XXI. Se isto for cultura, não será diferente das outras, mas inferior mesmo. E a grande piada é que ainda existem moçoilas da região que se candidatam à rainha do evento. E pagam para isso. Que trono... Quanta barbaridade...
De fato, situada em plena floresta Amazônica e às margens do lendário e hoje já estuprado rio Madeira, Porto Velho em absolutamente nada lembra as verdejantes cidades da Califórnia e muito menos o próspero e progressista interior do Sul do Brasil. Comparar uma cidade de ‘beiradeiros e barnabés’, onde o contracheque responde por grande parte da economia local, com Barretos, Ribeirão Preto, Presidente Prudente, Londrina, Maringá ou Cascavel, por exemplo, é de um mau gosto sem nenhum precedente. Parece coisa de político ufanista ou mal informado em ano pré-eleitoral. Aliás, durante o período dos “festejos do peão” o que não faltou foi programa de rádio e televisão abrir espaços para as autoridades falarem à vontade e tecer loas ao pseudo-desenvolvimento do Estado. E os jornalistas de proveta, da imprensa marrom, muitos dos formados aqui mesmo, fazendo perguntas toscas aos políticos. Nestas horas quem se lembra de sanguessugas, mensaleiros, escândalos na Assembléia Legislativa, possível cassação do governador do Estado, prefeito de obras inacabadas, mídia comprada e outros afins?
Rondônia possui um dos maiores rebanhos de gado do país segundo dados do IBGE. O que não se entende é por que a nossa carne não é tão barata assim e boa parte da população do Estado, como os que vão aos espetáculos da Expovel, não tem acesso a essa iguaria. Talvez por isso o Mandi (pequeno bagre que se alimenta de fezes humanas) com farinha d’água seja um prato tão desejado na cidade. Para muita gente pobre deste lugar, degustar um bom e suculento filé ou uma picanha é tão difícil quanto arrematar qualquer objeto ou mesmo comprar um animal lá no Parque dos Tanques. Exposição de produtos agropecuários é coisa da elite. Em todos os negócios que foram fechados por lá só apareciam os poucos ricos do Estado. Para os pobretões, a ‘mundiça’, sobrou a Bailarina da Praça (nosso melhor produto de exportação) dançando com os bêbados ao som de uma dupla caipira chamada Victor & Leo e comendo “churrasquinho de gato” em meio à poeira. Não parecia o inferno de Dante, mas o de Satanás mesmo. Triste espetáculo. Coisa de rondoniense já achando que somos Primeiro Mundo... “Maninha, é o progresso de Rondonha”, afirmavam entusiasmados, alguns nativos, com o inconfundível sotaque.
Para os fazendeiros, os homens de negócios e os grandes pecuaristas do Estado sobrou a alegria dos polpudos lucros. Para os políticos de plantão, a certeza de terem colhido bons dividendos eleitorais e para o povão, a ressaca e a satisfação de saber que ‘sua mais fiel representante’ (a Bailarina da Praça) estava lá, como se no alto de um fictício pódio. Sem nenhuma cabeça de gado no pasto que não possuímos, nós rondonienses já parecemos conformados com a sina de que Rondônia nada mais é do que um quintal (ou curral) dos grandes pecuaristas lá do sul maravilha, a verdadeira Califórnia brasileira. Aqui só engordamos os bois que tanto lucro dão aos forasteiros. Sem plantar nem criar nada, só colhemos Corumbiara e outras mazelas sociais. Não é difícil entender por que com estas ‘papagaiadas’ não se faz jorrar mel e leite das nossas fedorentas ruas. E o pior é que muitos idiotas e pseudo-intelectuais de plantão, os que pensam que pensam, ainda querem discutir identidade cultural, fazeres e saberes de um povo, de uma região, de uma cidade. Quais saberes? Quais fazeres? Qual povo? Qual região? A não ser que a Bailarina da Praça dando suas piruetas seja um expoente cultural desta terra. Santa paciência...
Pelo fato de ser um espetáculo de péssimo gosto, a Expovel não deixou de apresentar o seu saldo de violência e bestialidades. “Três homens, um deles identificado como policial militar, se envolveram em uma briga com tiroteio, no Parque de Exposições, no final da tarde do sábado, quando a cavalgada chegou ao local. Depois de muitos socos e pontapés, um dos envolvidos na confusão sacou da arma e efetuou os disparos. Uma radiopatrulha agiu com rapidez e prendeu os acusados. Populares revoltados tentaram resgatar os suspeitos para linchá-los, mas a viatura saiu rápido em direção à Delegacia Central”, noticiou um site da cidade. Além desse sururu, típico das festinhas mais barrelas, uma jovem de 18 anos que estava se divertindo na cavalgada foi vítima da ação de marginais que teriam estuprado a mesma em um estacionamento localizado na Avenida Campos Sales, região Central da Capital. Segundo ela, teria sido ameaçada por três rapazes que usavam abadás do evento e foi arrastada para o estacionamento. Nada mais típico, nada mais típico... É a Expovel... Como na Roma antiga, estas festas só serviam mesmo para manter o povão adormecido. Aqui, nem isso.
Embora sem pão, a alegria certamente vai continuar. Em Rondônia estamos em plena Semana Santa com direito a espetáculos ao ar livre e ainda que seja o mês de junho, a Paixão de Cristo foi encenada sem maiores problemas. E apesar de Porto Velho ser uma das únicas cidades do país onde a Igreja Católica não festeja o santo padroeiro (24 de maio), sempre tem carnaval fora de época também por esses dias e sem falar na grande festa do “padroeiro de fato” da capital: “São Maracujá, o maior arraial sem santo do Norte do país”. A festança próxima à Esplanada das Secretarias está prestes a começar e certamente em todos estes eventos estarão presentes, só que em camarotes diferentes, as autoridades e políticos do Estado, os pecuaristas gastando suas fortunas, os bajuladores aplaudindo tudo, o povão torrando seus minguados salários e a Bailarina da Praça pulando com os artistas e rindo à toa para animar todos os brincantes. Fica faltando mesmo só o Manelão da famosa banda. E por que não? Afinal, todos somos filhos de Deus...
*Professor Nazareno leciona na escola João Bento da Costa em Porto Velho
Professor Nazareno*
Acabou a Expovel em Porto Velho, graças a Deus. Foram longos dez dias de barulho, empulhação, poeira, mentiras e circo. Muito circo mesmo para os porto-velhenses, que de uma hora para outra, se viram transformados em moradores da “Capital do Rodeio”. A presepada começou mesmo no dia 06 de junho com um desfile patético pelas principais ruas daqui: mas foi muito bom, pois mostrou a verdadeira cara da nossa cidade com toneladas de sujeiras e lixo no meio das avenidas. E próximo à rodoviária este ano não plantaram aquela estátua ridícula de um boi insinuando que a capital de Rondônia era uma cidade country, como aquelas dos Estados Unidos. Que pena, pois o animal “bem-dotado” com um peão montado completaria o espetáculo circense. Muitos jovens da cidade, embriagados e vestidos à moda country dos americanos, com botas longas, chapéu grande (talvez imitando o ídolo Cassol) e vestimentas de couro, apesar dos quase 40 graus à sombra, completavam a deprimente exibição teatral. Impossível não ter pena ao ver tanta breguice. Um toque medieval em pleno século XXI. Se isto for cultura, não será diferente das outras, mas inferior mesmo. E a grande piada é que ainda existem moçoilas da região que se candidatam à rainha do evento. E pagam para isso. Que trono... Quanta barbaridade...
De fato, situada em plena floresta Amazônica e às margens do lendário e hoje já estuprado rio Madeira, Porto Velho em absolutamente nada lembra as verdejantes cidades da Califórnia e muito menos o próspero e progressista interior do Sul do Brasil. Comparar uma cidade de ‘beiradeiros e barnabés’, onde o contracheque responde por grande parte da economia local, com Barretos, Ribeirão Preto, Presidente Prudente, Londrina, Maringá ou Cascavel, por exemplo, é de um mau gosto sem nenhum precedente. Parece coisa de político ufanista ou mal informado em ano pré-eleitoral. Aliás, durante o período dos “festejos do peão” o que não faltou foi programa de rádio e televisão abrir espaços para as autoridades falarem à vontade e tecer loas ao pseudo-desenvolvimento do Estado. E os jornalistas de proveta, da imprensa marrom, muitos dos formados aqui mesmo, fazendo perguntas toscas aos políticos. Nestas horas quem se lembra de sanguessugas, mensaleiros, escândalos na Assembléia Legislativa, possível cassação do governador do Estado, prefeito de obras inacabadas, mídia comprada e outros afins?
Rondônia possui um dos maiores rebanhos de gado do país segundo dados do IBGE. O que não se entende é por que a nossa carne não é tão barata assim e boa parte da população do Estado, como os que vão aos espetáculos da Expovel, não tem acesso a essa iguaria. Talvez por isso o Mandi (pequeno bagre que se alimenta de fezes humanas) com farinha d’água seja um prato tão desejado na cidade. Para muita gente pobre deste lugar, degustar um bom e suculento filé ou uma picanha é tão difícil quanto arrematar qualquer objeto ou mesmo comprar um animal lá no Parque dos Tanques. Exposição de produtos agropecuários é coisa da elite. Em todos os negócios que foram fechados por lá só apareciam os poucos ricos do Estado. Para os pobretões, a ‘mundiça’, sobrou a Bailarina da Praça (nosso melhor produto de exportação) dançando com os bêbados ao som de uma dupla caipira chamada Victor & Leo e comendo “churrasquinho de gato” em meio à poeira. Não parecia o inferno de Dante, mas o de Satanás mesmo. Triste espetáculo. Coisa de rondoniense já achando que somos Primeiro Mundo... “Maninha, é o progresso de Rondonha”, afirmavam entusiasmados, alguns nativos, com o inconfundível sotaque.
Para os fazendeiros, os homens de negócios e os grandes pecuaristas do Estado sobrou a alegria dos polpudos lucros. Para os políticos de plantão, a certeza de terem colhido bons dividendos eleitorais e para o povão, a ressaca e a satisfação de saber que ‘sua mais fiel representante’ (a Bailarina da Praça) estava lá, como se no alto de um fictício pódio. Sem nenhuma cabeça de gado no pasto que não possuímos, nós rondonienses já parecemos conformados com a sina de que Rondônia nada mais é do que um quintal (ou curral) dos grandes pecuaristas lá do sul maravilha, a verdadeira Califórnia brasileira. Aqui só engordamos os bois que tanto lucro dão aos forasteiros. Sem plantar nem criar nada, só colhemos Corumbiara e outras mazelas sociais. Não é difícil entender por que com estas ‘papagaiadas’ não se faz jorrar mel e leite das nossas fedorentas ruas. E o pior é que muitos idiotas e pseudo-intelectuais de plantão, os que pensam que pensam, ainda querem discutir identidade cultural, fazeres e saberes de um povo, de uma região, de uma cidade. Quais saberes? Quais fazeres? Qual povo? Qual região? A não ser que a Bailarina da Praça dando suas piruetas seja um expoente cultural desta terra. Santa paciência...
Pelo fato de ser um espetáculo de péssimo gosto, a Expovel não deixou de apresentar o seu saldo de violência e bestialidades. “Três homens, um deles identificado como policial militar, se envolveram em uma briga com tiroteio, no Parque de Exposições, no final da tarde do sábado, quando a cavalgada chegou ao local. Depois de muitos socos e pontapés, um dos envolvidos na confusão sacou da arma e efetuou os disparos. Uma radiopatrulha agiu com rapidez e prendeu os acusados. Populares revoltados tentaram resgatar os suspeitos para linchá-los, mas a viatura saiu rápido em direção à Delegacia Central”, noticiou um site da cidade. Além desse sururu, típico das festinhas mais barrelas, uma jovem de 18 anos que estava se divertindo na cavalgada foi vítima da ação de marginais que teriam estuprado a mesma em um estacionamento localizado na Avenida Campos Sales, região Central da Capital. Segundo ela, teria sido ameaçada por três rapazes que usavam abadás do evento e foi arrastada para o estacionamento. Nada mais típico, nada mais típico... É a Expovel... Como na Roma antiga, estas festas só serviam mesmo para manter o povão adormecido. Aqui, nem isso.
Embora sem pão, a alegria certamente vai continuar. Em Rondônia estamos em plena Semana Santa com direito a espetáculos ao ar livre e ainda que seja o mês de junho, a Paixão de Cristo foi encenada sem maiores problemas. E apesar de Porto Velho ser uma das únicas cidades do país onde a Igreja Católica não festeja o santo padroeiro (24 de maio), sempre tem carnaval fora de época também por esses dias e sem falar na grande festa do “padroeiro de fato” da capital: “São Maracujá, o maior arraial sem santo do Norte do país”. A festança próxima à Esplanada das Secretarias está prestes a começar e certamente em todos estes eventos estarão presentes, só que em camarotes diferentes, as autoridades e políticos do Estado, os pecuaristas gastando suas fortunas, os bajuladores aplaudindo tudo, o povão torrando seus minguados salários e a Bailarina da Praça pulando com os artistas e rindo à toa para animar todos os brincantes. Fica faltando mesmo só o Manelão da famosa banda. E por que não? Afinal, todos somos filhos de Deus...
*Professor Nazareno leciona na escola João Bento da Costa em Porto Velho
segunda-feira, 15 de junho de 2009
ONDE VOCÊ ESTARÁ DAQUI A DEZ ANOS?
Onde você estará daqui a dez anos?
Você já teve que encarar essa pergunta e engolir grosso, porque a única expectativa que você nutriu em todos esses anos, é ter o "suficiente", ou seja, recursos financeiros necessários para sobreviver e manter sua família? Imagine agora as perspectivas de crescimento de uma organização formada por pessoas que ali se encontram para desempenhar a obrigação de produzir, dar lucro para a empresa e simplesmente subsidiar sua existência no planeta.
Buscar sempre; desejar algo; satisfazer o ego; "matar" a sede; ir além. Essa é a natureza do homem: satisfação. A voz interior diz: "vai em busca". Os obstáculos que impediam o homem, agora são como desafios. A busca aprimorou, o desejo engrandeceu, a pedra é mais polida, a alma é mais escondida. As gigantes estruturas industriais falam de qualidade de vida e o prazer de viver é trocado por mais notas de dólares. O universo é do prazer, do significado de existir para ter. Agora sim, vimos o horizonte. Silenciamos e percebemos claramente que tipo de "moeda" estamos sendo pagos.
Ricos de prazer, pobres de sabedoria. No final da vida, chame seu filho, lhe dê seus bens e deixe-o rico. Preparado para o mundo que o aguarda para se tornar mais um soldado a morrer nas trincheiras da volúpia do ouro. A "Serra Pelada" está mais viva do que nunca. Formamos garimpeiros da obsessão, coroados pelo poder de compra. Quanto mais comprar, mais será reconhecido pela sociedade garimpeira.
Mas, o que está satisfazendo mais o homem? Bobagem pensar sobre isso, não é mesmo? Pague-me uma cerveja ou me leve a um salão de beleza que irei lhe vangloriar por muito tempo. Chame-me para passear no seu carro novo, traga-me meia dúzia de palavras superficiais, deixe seu corpo sarado e terei o meu modelo de perfeição.
A superficialidade é fácil. Você pode adquiri-la quando quiser. Não há sacrifício, não há esforço, não cansa o cérebro, pois o deixa livre de profundidade. Você terá muitas pessoas do seu lado, pois o comércio da inutilidade e dos relacionamentos por interesses banais são comprados com a ausência de cultura e ideal.
Você poderá eleger seus amigos, como quem compra uma escova de dente e descartá-los quando eles parecerem meio "babacas", por terem escutado mais os pais sobre gratidão, humildade e sentimentos. Aliás, para ter amigos, não precisa de sentimentos, eu enxugo suas lágrimas pela internet, curo sua depressão pelo MSN e posso ser um modelo de beleza para centenas de pessoas na minha rede do Orkut.
Viva a camuflagem social. Beba dessa taça do prazer. Ufa! As vozes do nosso interior são muitas. Quais são as suas? Será que os motivos que geram um conflito onde todos perdem são maiores que as razões de promover a paz e a união entre os povos? Será que é mais saboroso subir de cargo de forma desonesta, do que carregar nos braços os "feridos" do campo de extermínio da indiferença?
Equipes, convertam o individualismo em propósitos humanitários. Lute pelo sucesso de outra pessoa. Seja um salvador de ideais de nobreza e justiça. Estamos esperando quem? Não existirão pessoas especiais com ações imediatas e resultados a curto prazo para desenvolver a humanidade.
Você é especial, entretanto, o mundo precisa de homens que sejam especiais para os seus semelhantes. Transforme sua empresa em um instituto de desenvolvimento do ser e estaremos próximo de um sonho conhecido mundialmente: "Sonho com o dia em que a justiça correrá como água e a retidão como um caudaloso rio" - Martin Luther King.
e ai, o que você achou? onde estará daqui a dez anos?
Você já teve que encarar essa pergunta e engolir grosso, porque a única expectativa que você nutriu em todos esses anos, é ter o "suficiente", ou seja, recursos financeiros necessários para sobreviver e manter sua família? Imagine agora as perspectivas de crescimento de uma organização formada por pessoas que ali se encontram para desempenhar a obrigação de produzir, dar lucro para a empresa e simplesmente subsidiar sua existência no planeta.
Buscar sempre; desejar algo; satisfazer o ego; "matar" a sede; ir além. Essa é a natureza do homem: satisfação. A voz interior diz: "vai em busca". Os obstáculos que impediam o homem, agora são como desafios. A busca aprimorou, o desejo engrandeceu, a pedra é mais polida, a alma é mais escondida. As gigantes estruturas industriais falam de qualidade de vida e o prazer de viver é trocado por mais notas de dólares. O universo é do prazer, do significado de existir para ter. Agora sim, vimos o horizonte. Silenciamos e percebemos claramente que tipo de "moeda" estamos sendo pagos.
Ricos de prazer, pobres de sabedoria. No final da vida, chame seu filho, lhe dê seus bens e deixe-o rico. Preparado para o mundo que o aguarda para se tornar mais um soldado a morrer nas trincheiras da volúpia do ouro. A "Serra Pelada" está mais viva do que nunca. Formamos garimpeiros da obsessão, coroados pelo poder de compra. Quanto mais comprar, mais será reconhecido pela sociedade garimpeira.
Mas, o que está satisfazendo mais o homem? Bobagem pensar sobre isso, não é mesmo? Pague-me uma cerveja ou me leve a um salão de beleza que irei lhe vangloriar por muito tempo. Chame-me para passear no seu carro novo, traga-me meia dúzia de palavras superficiais, deixe seu corpo sarado e terei o meu modelo de perfeição.
A superficialidade é fácil. Você pode adquiri-la quando quiser. Não há sacrifício, não há esforço, não cansa o cérebro, pois o deixa livre de profundidade. Você terá muitas pessoas do seu lado, pois o comércio da inutilidade e dos relacionamentos por interesses banais são comprados com a ausência de cultura e ideal.
Você poderá eleger seus amigos, como quem compra uma escova de dente e descartá-los quando eles parecerem meio "babacas", por terem escutado mais os pais sobre gratidão, humildade e sentimentos. Aliás, para ter amigos, não precisa de sentimentos, eu enxugo suas lágrimas pela internet, curo sua depressão pelo MSN e posso ser um modelo de beleza para centenas de pessoas na minha rede do Orkut.
Viva a camuflagem social. Beba dessa taça do prazer. Ufa! As vozes do nosso interior são muitas. Quais são as suas? Será que os motivos que geram um conflito onde todos perdem são maiores que as razões de promover a paz e a união entre os povos? Será que é mais saboroso subir de cargo de forma desonesta, do que carregar nos braços os "feridos" do campo de extermínio da indiferença?
Equipes, convertam o individualismo em propósitos humanitários. Lute pelo sucesso de outra pessoa. Seja um salvador de ideais de nobreza e justiça. Estamos esperando quem? Não existirão pessoas especiais com ações imediatas e resultados a curto prazo para desenvolver a humanidade.
Você é especial, entretanto, o mundo precisa de homens que sejam especiais para os seus semelhantes. Transforme sua empresa em um instituto de desenvolvimento do ser e estaremos próximo de um sonho conhecido mundialmente: "Sonho com o dia em que a justiça correrá como água e a retidão como um caudaloso rio" - Martin Luther King.
e ai, o que você achou? onde estará daqui a dez anos?
O PERFIL DO BOM PROFESSOR
O bom professor
inteligência afectiva
Não querem um super-professor. Querem apenas alguém que os apoie. Pode também ser compreensivo. E se não for pedir muito: divertido e bem disposto. Se não, pelo menos que cumpra a sua função principal: a de explicar bem a matéria. Este é o perfil do professor que o aluno gosta de ver na sala de aula.
À pergunta responde com um sorriso contido. De quem nunca tinha pensado no assunto. Eleva as sobrancelhas. Leva a mão ao queixo e atira: “O bom professor é aquele que se preocupa com os alunos.” Ultrapassado o bloqueio inicial a resposta prolonga-se. “E que tenta explicar a matéria da melhor forma possível para todos os que tenham dificuldades”. Um momento de pausa. “Tem também de ser bom conversador e apoiar os alunos”, conclui Rui Couto, 19 anos, a frequentar o 11º ano. Por ter encontrado nele estas características, o professor de Geografia que apanhou no 9º ano merece de Rui Couto um elogio rasgado. “Era um store espectacular!”, recorda saudoso. O mérito do também director de turma estava no facto de não só dar bem a matéria, como de estar sempre bem disposto e brincar muito nas aulas. O reconhecimento do aluno encontra eco na opinião de sua mãe. Elvira Couto, que sempre acompanhou as reuniões de pais com o director, reconhece que ele “mostrava conhecer o feitio de cada aluno”. Ou seja: sabia quem eram os alunos mais extrovertidos ou introvertidos. O que o levava, segundo a educadora, “a dar as aulas de forma mais personalizada”. Uma qualidade que Elvira Couto acredita ser apanágio do bom professor.Ao herói da Geografia, Rui Couto contrapõe o professor de Matemática do 7º ano. De sobrancelhas franzidas o aluno explica a razão do desmérito: “Só despejava matéria!” Mas o pior é que “nunca explicava o que dava”. E por isso, lamenta, “só os melhores acompanhavam as aulas.” Os outros, encolhe os ombros, “não percebiam nada!” Depois, “fazia uns testes muito difíceis!”, remata.
Entre afectos e competência
A professora que ficou no coração de Filipa Sousa, 16 anos, a frequentar o 10º ano, deu-lhe Matemática. “Gostava muito de nós e era muito nossa amiga”, recorda com carinho. “Mas isto não significa que ela facilitasse nos testes!”, muito pelo contrário, esclarece a aluna procurando evitar mal entendidos. Esta separação das águas é comum entre os alunos. Seja qual for a idade. “O aluno distingue, claramente, a dimensão afectiva do professor da informativa”, a que define o docente como transmissor de ensinamentos, esclarece Emília Costa, coordenadora do Serviço de Consulta Psicológica da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação. O professor ideal será o que conseguir juntar as duas, conclui. Para João Monteiro, 20 anos, estudante universitário, o bom professor “tem de se dar bem com os alunos, ser comunicativo e estar bem preparado.” Tal como o seu professor de Psicologia do 11º ano cuja “maneira de ensinar cativava”, porque “sabia interessar os alunos pela matéria”. Mas nem todos os professores conciliam afectos e competência. João Monteiro concorda: “Tive um professor de História que não se dava bem com ninguém, mas via-se que ele era barra naquilo que ensinava”. A questão é: entre um professor simpático e compreensivo que explique mal a matéria e o seu antónimo, o que preferem os alunos? As respostas variam. João Monteiro abdicava de bom grado da simpatia. Para Filipa Sousa a escolha é difícil. “Sobretudo nesta altura em que preciso de tirar boas notas”, esclarece. Talvez por isso a aluna esteja mais inclinada para votar na professora antipática que explica bem a matéria. Já Rui Couto não hesita em deitar fora a competência.
Miúdos exigentes
Apesar de recém-chegada ao ensino básico, Inês Rosa, 10 anos, já sabe dizer com todas as letras quais as características do bom professor. “Não deve berrar com os alunos”, diz com seriedade. Ao seu lado Micaela Garcia, 11 anos, acena a cabeça para cima e para baixo como que a corroborar as palavras da amiga. E só para que se saiba acrescenta que boa professora é a sua directora de turma. Porque é “muito calma”. Paula Vicente, aguarda o filho à porta da escola. Por ser professora, a mãe tem receio que a sua resposta não seja válida. Para ela um bom professor tem, acima de tudo, de ser “bastante humano, demonstrar afectividade e criar uma empatia com os alunos.” Pelo menos é isso que tenta fazer dentro da sala de aulas. Já Eduardo Vicente, 10 anos, a frequentar o 5º ano, tem uma definição de bom professor que deixa a mãe boquiaberta. “Tem de ser exigente!” O que, para Eduardo, significa ter de marcar muitos trabalhos para casa. A exigência é também para Teresa Oliveira, 13 anos, no 7º ano, uma das qualidades do bom professor. Daí que as professora que menos gostou até ao momento tenha sido “uma que não dava matéria porque passava a aula a falar dos filhos.” O pior, reflecte Teresa indignada, “é que ainda por cima faltava muitas vezes!”Respostas como estas podem até surpreender pais e professores, mas são “perfeitamente normais” para Emília Costa. “Os miúdos são muito mais exigentes e críticos em relação às competências do professor”, constata. Além disso, quando uma criança aceita ou compreende certas regras – como, por exemplo, a da assiduidade – pode torna-se mais exigente quanto ao seu cumprimento do que um adulto. Até mesmo por uma questão de segurança. O mesmo se pode aplicar aos adolescentes. “Ambos precisam de regras”, esclarece a psicóloga, acrescentando que “a maioria dos adultos não entende isso” e até confunde facilitismo com alguma flexibilidade.
O nível científico e as relações humanas
Não é por acaso que quase todos nós temos um professor que nos marcou pela positiva e pela negativa. E essa avaliação tem sempre uma dimensão afectiva e não só ao nível da competência. Mas para Emíla Costa “o grande problema é que a universidade prepara os professores ao nível científico mas não ao nível das relações humanas.” Que todavia, “só se aprendem conforme nos vamos relacionando com os outros”, esclarece. Por outro lado, avisa a psicóloga, “o facto de um professor não ter dificuldades ao nível dos relacionamentos interpessoais não significa que seja um excelente profissional”. Ou vice-versa.Para dar atenção a um aluno, o professor precisa de ter tempo para conversar com ele a sós, ou no final da aula. “E se calhar ele só tem um intervalo minúsculo que lhe dá para tomar um café”, adverte a psicóloga, estando assim “um pouco limitado”.Limitada é também a tentativa de definir o “professor ideal”. Não há modelo a seguir. No entanto, Emília Costa arrisca uma definição pessoal. “O professor ideal seria alguém com uma boa capacidade de comunicação, competente, exigente com ele próprio e em relação à aprendizagem do aluno. Mas sempre atento à dimensão afectiva.”
inteligência afectiva
Não querem um super-professor. Querem apenas alguém que os apoie. Pode também ser compreensivo. E se não for pedir muito: divertido e bem disposto. Se não, pelo menos que cumpra a sua função principal: a de explicar bem a matéria. Este é o perfil do professor que o aluno gosta de ver na sala de aula.
À pergunta responde com um sorriso contido. De quem nunca tinha pensado no assunto. Eleva as sobrancelhas. Leva a mão ao queixo e atira: “O bom professor é aquele que se preocupa com os alunos.” Ultrapassado o bloqueio inicial a resposta prolonga-se. “E que tenta explicar a matéria da melhor forma possível para todos os que tenham dificuldades”. Um momento de pausa. “Tem também de ser bom conversador e apoiar os alunos”, conclui Rui Couto, 19 anos, a frequentar o 11º ano. Por ter encontrado nele estas características, o professor de Geografia que apanhou no 9º ano merece de Rui Couto um elogio rasgado. “Era um store espectacular!”, recorda saudoso. O mérito do também director de turma estava no facto de não só dar bem a matéria, como de estar sempre bem disposto e brincar muito nas aulas. O reconhecimento do aluno encontra eco na opinião de sua mãe. Elvira Couto, que sempre acompanhou as reuniões de pais com o director, reconhece que ele “mostrava conhecer o feitio de cada aluno”. Ou seja: sabia quem eram os alunos mais extrovertidos ou introvertidos. O que o levava, segundo a educadora, “a dar as aulas de forma mais personalizada”. Uma qualidade que Elvira Couto acredita ser apanágio do bom professor.Ao herói da Geografia, Rui Couto contrapõe o professor de Matemática do 7º ano. De sobrancelhas franzidas o aluno explica a razão do desmérito: “Só despejava matéria!” Mas o pior é que “nunca explicava o que dava”. E por isso, lamenta, “só os melhores acompanhavam as aulas.” Os outros, encolhe os ombros, “não percebiam nada!” Depois, “fazia uns testes muito difíceis!”, remata.
Entre afectos e competência
A professora que ficou no coração de Filipa Sousa, 16 anos, a frequentar o 10º ano, deu-lhe Matemática. “Gostava muito de nós e era muito nossa amiga”, recorda com carinho. “Mas isto não significa que ela facilitasse nos testes!”, muito pelo contrário, esclarece a aluna procurando evitar mal entendidos. Esta separação das águas é comum entre os alunos. Seja qual for a idade. “O aluno distingue, claramente, a dimensão afectiva do professor da informativa”, a que define o docente como transmissor de ensinamentos, esclarece Emília Costa, coordenadora do Serviço de Consulta Psicológica da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação. O professor ideal será o que conseguir juntar as duas, conclui. Para João Monteiro, 20 anos, estudante universitário, o bom professor “tem de se dar bem com os alunos, ser comunicativo e estar bem preparado.” Tal como o seu professor de Psicologia do 11º ano cuja “maneira de ensinar cativava”, porque “sabia interessar os alunos pela matéria”. Mas nem todos os professores conciliam afectos e competência. João Monteiro concorda: “Tive um professor de História que não se dava bem com ninguém, mas via-se que ele era barra naquilo que ensinava”. A questão é: entre um professor simpático e compreensivo que explique mal a matéria e o seu antónimo, o que preferem os alunos? As respostas variam. João Monteiro abdicava de bom grado da simpatia. Para Filipa Sousa a escolha é difícil. “Sobretudo nesta altura em que preciso de tirar boas notas”, esclarece. Talvez por isso a aluna esteja mais inclinada para votar na professora antipática que explica bem a matéria. Já Rui Couto não hesita em deitar fora a competência.
Miúdos exigentes
Apesar de recém-chegada ao ensino básico, Inês Rosa, 10 anos, já sabe dizer com todas as letras quais as características do bom professor. “Não deve berrar com os alunos”, diz com seriedade. Ao seu lado Micaela Garcia, 11 anos, acena a cabeça para cima e para baixo como que a corroborar as palavras da amiga. E só para que se saiba acrescenta que boa professora é a sua directora de turma. Porque é “muito calma”. Paula Vicente, aguarda o filho à porta da escola. Por ser professora, a mãe tem receio que a sua resposta não seja válida. Para ela um bom professor tem, acima de tudo, de ser “bastante humano, demonstrar afectividade e criar uma empatia com os alunos.” Pelo menos é isso que tenta fazer dentro da sala de aulas. Já Eduardo Vicente, 10 anos, a frequentar o 5º ano, tem uma definição de bom professor que deixa a mãe boquiaberta. “Tem de ser exigente!” O que, para Eduardo, significa ter de marcar muitos trabalhos para casa. A exigência é também para Teresa Oliveira, 13 anos, no 7º ano, uma das qualidades do bom professor. Daí que as professora que menos gostou até ao momento tenha sido “uma que não dava matéria porque passava a aula a falar dos filhos.” O pior, reflecte Teresa indignada, “é que ainda por cima faltava muitas vezes!”Respostas como estas podem até surpreender pais e professores, mas são “perfeitamente normais” para Emília Costa. “Os miúdos são muito mais exigentes e críticos em relação às competências do professor”, constata. Além disso, quando uma criança aceita ou compreende certas regras – como, por exemplo, a da assiduidade – pode torna-se mais exigente quanto ao seu cumprimento do que um adulto. Até mesmo por uma questão de segurança. O mesmo se pode aplicar aos adolescentes. “Ambos precisam de regras”, esclarece a psicóloga, acrescentando que “a maioria dos adultos não entende isso” e até confunde facilitismo com alguma flexibilidade.
O nível científico e as relações humanas
Não é por acaso que quase todos nós temos um professor que nos marcou pela positiva e pela negativa. E essa avaliação tem sempre uma dimensão afectiva e não só ao nível da competência. Mas para Emíla Costa “o grande problema é que a universidade prepara os professores ao nível científico mas não ao nível das relações humanas.” Que todavia, “só se aprendem conforme nos vamos relacionando com os outros”, esclarece. Por outro lado, avisa a psicóloga, “o facto de um professor não ter dificuldades ao nível dos relacionamentos interpessoais não significa que seja um excelente profissional”. Ou vice-versa.Para dar atenção a um aluno, o professor precisa de ter tempo para conversar com ele a sós, ou no final da aula. “E se calhar ele só tem um intervalo minúsculo que lhe dá para tomar um café”, adverte a psicóloga, estando assim “um pouco limitado”.Limitada é também a tentativa de definir o “professor ideal”. Não há modelo a seguir. No entanto, Emília Costa arrisca uma definição pessoal. “O professor ideal seria alguém com uma boa capacidade de comunicação, competente, exigente com ele próprio e em relação à aprendizagem do aluno. Mas sempre atento à dimensão afectiva.”
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