sábado, 20 de junho de 2009

FÔLEGO REDUZIDO NAS UNIVERSIDADES

O número de alunos na graduação, que teve o menor ritmo de crescimento desde 1999, demonstra a desaceleração do ensino superior do país

O número de matrículas no ensino superior brasileiro continua a crescer, mas em ritmo menor do que em anos anteriores. Pelos dados do Censo da Educação Superior de 2007, mais de 4,8 milhões de pessoas fazem um bacharelado presencial atualmente, 4,3% a mais do que em 2006, quando o número de alunos no sistema era de 4,6 milhões. Esse é o menor ritmo de crescimento desde 1999, quando o índice atingia a casa dos 10%. A estabilização no crescimento de matrículas já era esperada pelo segmento, que previa a saturação do mercado e as conseqüências da falta de alternativas para o financiamento estudantil.
"Embora ainda tenha muito espaço para crescer, as matrículas envolvem questões como mercado de trabalho e motivação, ou seja, outros aspectos que não estão só no âmbito da educação", avalia a diretora de estatísticas educacionais do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Maria Inês Pestana.
O Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), que há três anos faz projeções dos números do segmento, já esperava a desacelaração do ritmo de crescimento e havia projetado 4,9 milhões de alunos matriculados, sendo 3,6 milhões na rede privada, valores muito próximos aos revelados pelo Censo.O crescimento de alunos matriculados mais uma vez se deu no âmbito das instituições particulares, que respondem por 74,5% das matrículas no ensino superior, com 3,6 milhões de alunos, aumento de 4,9% em relação a 2006, quando o sistema tinha 3,4 milhões de alunos.
Nas instituições públicas, o crescimento foi de 2,6%, e ainda se mantém no patamar de 1,2 milhão de alunos, próximo ao registrado em 2006. No período de 1997 a 2007, as instituições particulares cresceram 207% e as públicas 63%. Para se ter uma ideia da desaceleração do crescimento das matrículas, a média de crescimento por ano, de 2000 a 2003, entre as particulares foi de 16%. Agora, de 2004 a 2007, a média é de 7%, incluindo as matrículas do Programa Universidade para Todos (ProUni).
Aregião que mais agregou novos alunos pelo último levantamento do Censo da Educação Superior foi a Norte, com crescimento de 8,3%, passando de 280 mil matrículas em 2006 para 303 mil em 2007. Esse aumento possibilitou que a região Norte passasse a responder por 6,2% das matrículas do país, quando no ano anterior era responsável por 5,9% do alunado. Essa é uma das regiões onde os grandes grupos educacionais têm apostado atualmente, de olho na demanda ainda reprimida, como o Grupo DeVry, que neste ano comprou a Faculdade Nordeste (Fanor).Por outro lado, os mercados que já mostravam indícios de saturação demonstraram em números as análises recentes dos consultores educacionais. A região que menos cresceu foi a Sudeste, com apenas 1,1% de aumento, passando de 2,3 milhões em 2006 para 2,4 milhões de matrículas em 2007. De qualquer forma, o Sudeste continua a responder por quase metade dos alunos no ensino superior brasileiro: 49,8%. Na relação de participação no cenário nacional, quem perdeu maior espaço foi a região Sul, que respondia por 18,2% das matrículas em 2006 e agora representa 17,7%.
Em São Paulo, o crescimento das matrículas ficou acima da média nacional,. Apesar disso, o Estado também emite sinais de estabilização do crescimento, mas especialistas apontam que o interior ainda tem capacidade de expansão. Prova disso são as recentes aquisições por grupos educacionais em cidades como Rio Claro e Itapecerica da Serra.
De acordo com o último levantamento do Censo da Educação Superior de 2007, o Estado de São Paulo congrega 1,3 milhão de alunos, sendo que 1,1 milhão estão nas instituições de ensino superior particulares. As matrículas cresceram 6,1% no comparativo com o ano anterior, já que em 2006 São Paulo congregava 1,2 milhão de matriculados na graduação. Para se ter uma ideia da diferença do ritmo de crescimento, enquanto o número de matrículas no Brasil cresceu 101% de 2000 a 2007, no Estado de São Paulo o crescimento foi de apenas 67%. A taxa de alunos ingressantes com até 24 anos nas instituições particulares de São Paulo é de 67,5%, abaixo da média nacional, de 74%. Isso quer dizer que o Estado ainda atende a uma camada de alunos que retornou aos estudos após alguns anos fora do sistema de ensino.
Somando as matrículas da educação tecnológica e do ensino a distância, o Brasil tem atualmente 5,2 milhões de alunos no ensino superior. Os cursos superiores de tecnologia respondem por 6,6% do total de matrículas, com 347 mil alunos. Já a educação a distância representa 7% do sistema de ensino superior todo, com 369 mil matriculados.

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